Pagar menos impostos? De preferência nenhum

Pagar menos impostos? De preferência nenhum MÁRCIO ALVES CANDOSO

Mais de três em cada quatro portugueses é de opinião que não se deveria pagar impostos sobre os rendimentos do trabalho. Segundo um estudo de opinião elaborado pela Eurosondagem, a que o DN teve acesso, 77,8% dos portugueses acha que pura e simplesmente não se deveria descontar nada sobre o ordenado que aufere mensalmente. Ou seja, dito por outras palavras, o IRS deveria ser extinto.Mas quando perguntados sobre quais as áreas que deveriam pagar mais ou menos impostos, tendo em linha de conta "os valores éticos, morais e culturais da sociedade portuguesa e mantendo o Estado o nível de receitas necessário ao seu correcto funcionamento", os portugueses não abrandam. Numa escala de 1 a 6, são 83,1% os que defendem que se deve pagar menos impostos sobre o trabalho. Nos grupos 4, 5 e 6 (deve-se pagar mais impostos) estão apenas 2,1% dos inquiridos.Os portugueses, aliás, acham igualmente que não se deve pagar impostos sobre o consumo (70,6%), a habitação (70,1%) e sobre o investimento (63,3%). Dinheiro nos cofres do Estado só o que advenha da taxação de "vícios" (álcool, jogo e tabaco), posição defendida por 61,7%. Mais do que isso só o número dos que sustentam o pagamento de impostos pela emissão de "poluição", os quais ascendem a 68,6%. A questão da "poluição" é a única que atinge o grau máximo - o tal 6 - da pergunta sobre que áreas devem pagar mais impostos, já que mesmo o item "vícios" não passa do 5.Um tanto revelador é a ideia que os portugueses têm, maioritariamente, das áreas em que se deve investir mais. Quando questionados sobre "quais os sectores que devem ser mais apoiados pelo Estado e pela sociedade, de modo a promover o aumento do crescimento económico e do nível de vida dos portugueses durante os anos de 2008/2009" - tendo por base apenas a ideia de "construção" - os inquiridos preferem a "construção de saneamento básico". Apesar de mais de 90% da população portuguesa ser já abrangida por este bem, quase 70% dos inquiridos ainda acha que deve ser uma prioridade. Seguem-se o "abastecimento de água", com quase 90% de respondentes na parte alta do inquérito. Mas se a hipótese for "obras públicas" e "estradas e auto-estradas" a convicção da necessidade de investimento quebra drasticamente, já que em qualquer dos casos mais de metade dos inquiridos opta pelas possibilidades de resposta negativa. Menor mesmo só a necessidade que o país tem de "hotéis e pousadas" ou "aldeamentos turísticos". São portanto errados, no entender dos portugueses, os milhares de milhões de euros actualmente em projecto nestes sectores. A meio da tabela - nem sim nem não - está necessidade "construção de habitação".Por grandes áreas - e não só tendo em vista apenas a ideia de "construção" - os portugueses pensam que "para aumentar o crescimento económico do País e o nível de vida dos portugueses" durante os dois próximos anos, o Estado e a sociedade devem investir em "saúde e segurança social" e de maneira nenhuma em "indústria, comércio e exportações" ou "turismo e ambiente". De 1 a 5, são 89,4% os que acham que o investimento em saúde e segurança social preenche os requisitos para ser colocado entre o 4 e o 5. Já para turismo e ambiente, há 73,1% que pensa que o investimento deve ser nenhum ou quase nenhum (graus 1 e 2). Indústria, comércio e exportação devem ser apoiados, para 20,0%, e desapoiados para 53,2%.

Nota: Leiam e digam lá se isto não é mesmo, uma anedota!!!!

Comentários

Emília Simões disse…
Isto só revela o analfabetismo do povo português!
É realmente uma pena e tenho verdadeiro desgosto de que se continue a pensar desta maneira!
Por isso estamos como estamos e por este andar não será ainda nas próximas décadas que as coisas melhorarão!
O povo só vê números e a própria escola não ajuda à a educação e conhecimento dos "meninos"!
Só são bons e valorizados os estudantes de economia e finanças, o resto é só para entreter...
Andamos todos numa letargia completa!
Até quando este adormecimento?
A previsão é mesmo muito difícil de calcular!
Aguardemos por melhores tempos!

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