Laços de Família

A Família é uma Instituição milenar cujo conceito me é muito caro, pelo conjunto de acontecimentos que ùltimamente têm surgido na minha vida.

Na minha opinião, família não pode ser um conjunto de pessoas que o acaso juntou e que vivem juntas, apenas para mostrar aos amigos e conhecidos que está tudo bem e que vivem no melhor dos mundos ou que dão “play stations” no Natal aos filhos para comprar o amor deles, e, na juventude , os compram das mais variadas formas, mas que não estão presentes quando a criança ou jovem, mais necessita de afecto ou do amor deles.

Os filhos criados nessas condições, saberão dar-lhes o troco na altura certa, quiçá, numa altura tardia e sem quaisquer possibilidades de reparar o que correu mal.

Se for este, o conceito de família, merda para tal família, ninguém deseja pertencer a uma família assim.

A existência de laços de afecto, e de sangue; o afecto ou amor têm de ser transversais ao conjunto de membros da Família; os laços de sangue podem existir ou não.
Para mim são secundários, se o amor ou afecto, existirem, na realidade podem coexistir ambos, mas apenas e só, laços de sangue não fazem bons pais.

Estamos fartos de saber de casos mediáticos em que são chamados e muito bem “Pais de afecto” a pesssoas a quem foram entregues crianças com meses de idade e, por sinal , são o único amor que as essas crianças conhecem e possívelmente conhecerão ao longo da vida; assim tenham a sorte de não aparecer qualquer energúmeno(a) a reclamar os seus direitos parentais.

Ao contrário dos pais biológicos, precisamente aqueles que têm apenas e realço o “apenas” uma ligação de sangue (biológica) com os seus filhos, não lhes podem chamar seus apenas por isso; ao privar os filhos do amor, do acompanhamento que são importantíssimos na primeira infância, eles demitiram-se da sua condição de pais e perderam todo o direito a ter uma relação de proximidade com os seus filhos.

Pai ou Mãe não são quem quer, mas quem reúne condições para sê-lo.

Um filho não é um brinquedo dos pais, é uma pessoa em formação que os pais têm obrigação de educar, fazendo dele “uma pessoa de bem”, credível e prepará-lo para os desafios da vida.

Quanto às relações afectivas ou outras entre os pais, devem ser os próprios a terminar co essa tortura que o é, pelo menos para algum deles senão, para ambos, no caso de chegarem à conclusão que é uma forma fictícia de manter o “staus quo” perante os filhos ou até perante a Sociedade.

Não é legítimo manter uma ligação em nome, não sei de que valores, mesmo que não haja outra relação dalguma das partes.

A Família é (tem de ser) o suporte dos seus membros numa situação de carência psicológica ou mesmo de outro tipo, imprevista, dou alguns exemplos: depressões provocadas por problemas profissionais, económicos, desemprego, doenças incapacitantes de todo tipo, divórcios/separações no seu seio; para isso tem de haver um suporte do Estado que neste momento é insuficiente, diria, até, inexistente, o Estado pode demitir-se dessa obrigação, mas a Família tem de a assumir, caso contrário, está a negar um princípio que está na sua génese: protecção e apoio aos seus membros.

Comentários

Anónimo disse…
Família vs Educação
Mais que nunca torna-se premente que cada família comece a educação dentro de casa e desde o início. Os nossos filhos parece que nascem com a "escola" toda e cedo começam a tentar impor a sua vontade; assim é necessário ter força e objectividade na forma como se dá educação e se ensina os rebentos, tendo em conta que o futuro deles depende de nós e de como os educámos.
Cada vez mais se vê falta de educação e civismo, falta de respeito pelos outros. Ao longo da vida o ser humano tem tido altos e baixos, é um círculo vicioso que pode ser alterado dependendo do que cada um faça no seio da sua família. Todos podem e devem fazer a diferença. É certo que a Escola também tem a sua quota-parte na educação dos jovens, cada um deve ser visto e tratado como indivíduo com as suas especificidades; todos diferentes, todos iguais; cada um tem os seus gostos, as suas necessidades, as suas carências e todos devem ser respeitados como tal, mas têm igualmente o dever de respeitar. Só com esta dualidade será possível construir um Futuro bom e equilibrado para os nossos filhos, netos... E é o afecto e o carinho, o tempo que se dispensa com os filhos o mais importante, não a quantidade mas sim a qualidade. Darmo-nos de alma e coração não implica abdicar de nós próprios, antes pelo contrário, ao fazê-los entender que também nós, pais, temos as nossas necessidades, as nossas dificuldades, angústias, prazeres, só assim eles poderão ser equilibrados e vir a ter em relação aos demais respeito, e dar o que têm de melhor para, aí sim, receberem o mesmo de volta.
Contudo sinto que estamos numa fase difícil, os jovens andam meio perdidos, a educação em casa tem lacunas, e nas escolas há demasiados entraves a que os professores possam dá-la. É-me tão difícil entender que se comece tão jovem nas drogas, no sexo sem consciência, na bebida, na agressividade/passividade face ao despotismo daqueles que por sua vez andam também perdidos...
Enfim, espero, ou por outra tenho Fé que o Futuro volte a entrar nos eixos, e que os jovens caiam na real e venham por sua vez à dar aos seus rebentos algo que a maioria não teve, mas que por isso mesmo tentem dar. Tem sido assim ao longo de gerações. Há-de voltar a acontecer.
Até porque a Vida passa bem depressa... é só um saltinho.

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