O privilégio de ser...

A Inteligência não é, por si só, um bem em si; a falta dela, por outro lado, nunca foi o fim do mundo, nem para o próprio, nem para quem com ele convive: a História da Humanidade está repleta de bons e maus exemplos para o que acabo de afirmar.

Coexistem neste nosso mundo, pessoas inteligentes que considero, pelos seus actos, autênticos abutres, e outras que não tendo esse dom, conseguem, pela sua simplicidade e até, firmeza de carácter, fazer a diferença.Todas, mas mesmo todas as pessoas, umas mais que outras, conseguem ser inteligentes, assim trabalhem nesse sentido.

Há... nos que nascem com um desempenho mental acima da média, uma tendência muito grande, por um lado, para a preguiça, e por outro, para arrogância:

• preguiça porque mal se apercebem que chegam sempre em 1º lugar, sem mexerem uma palha, tendem a descurar o trabalho que também é preciso para manter o seu desempenho;
• arrogância, porque começando por ficar maravilhados, acabam por se deslumbrar e pensar que o melhor que existe ao cimo da terra, são eles mesmos, desprezando tudo o que mexe à sua volta e... mal daqueles que se atravessem no seu caminho.

Eu próprio prefiro mil vezes conviver/trabalhar com pessoas com alguma inteligência, que tendem a melhorar o seu desempenho, juntando a isso, uma preocupação pelo grupo, mesmo em detrimento do indivíduo. Chamo a isto, o que António Damásio e Daniel Coleman definiram como, "Inteligência Emocional".

Basta que haja quem, entre eles, se considere superiormente "inteligente" para que tanto a relação entre todos, como o trabalho a desenvolver pelos mesmos, vá por água abaixo...

Quem nasce inteligente, se não tiver uma EDUCAÇÃO que lhe aponte o caminho do respeito e da preocupação pelos mais desfavorecidos, tenderá a criar uma personalidade fria e com ausência total de sentimentos, baseada em si próprio, dado que está demasiado ocupado a banhar-se no seu Ego e a cultivar a sua arrogância.

E chegamos a um ponto, de que todos nós conhecemos demasiados exemplos: teimo em chamar a isso, "esperteza saloia", a Inteligência é para os privilegiados que sabem ser inteligentes, sem perderem tempo a louvarem o seu ego.

Em suma, há quem se tenha conhecido desde sempre ou mesmo, auto-proclamado de inteligente.

Mas há também os que, não tendo sido privilegiados com esse dom, à partida, conseguem suplantar os primeiros, em determinada fase da sua vida, porque a sua inteligência é construída e desenvolvida com base num trabalho ao longo dos anos, ainda que com alguns erros à mistura, mas...quem não os comete?

O meu aplauso vai para estes últimos.

Atingem um patamar definido, numa idade avançada ou não, nunca através da arrogância ou desprezo pelos outros, já que as qualidades ou os defeitos se vêem com a Educação e os valores que nos foram transmitidos; as aprendizagens começam na formação do Indivíduo, na sua infância/juventude e ainda, ao longo de toda uma vida. Os exemplos na Sociedade actual, são tantos...

Se não tivermos uma boa Educação com valores de Ética, respeito pelos outros, de nada nos vale esse tal bom desempenho ou pseudo-inteligência, pois não é INTELIGENTE quem quer, mas quem foi desde sempre preparado ou se auto-preparou para isso; desenganem-se, os papás & mamãs babados, não há predestinados.

O destino do seu "rebento" vai ser modelado pelo próprio, ao longo da sua vida futura, mediante características inatas e com a ajuda dos seus educadores que podem resultar ou não. Será que ninguém conhece um indivíduo que tendo todas as condições à partida, para ser uma homem íntegro, e acabam a arrumar carros para arranjar dinheiro para matar o vício da drga, bebida ou o que qyer que seja.

Os bons exemplos de Ética e respeito por valores, não os do cifrão, mas os de comportamento, conseguem-se, cuidando, aperfeiçoando e se for caso disso, eliminando os erros cometidos, substituindo-os, por algo de bom.

É, em suma, este último, o meu conceito de INTELIGENCIA, não penso que seja muito diferente do que pensam pessoas de bem; lutarei até ao fim dos meus dias para que, aquele conceito seja assimilado por todos quantos de perto, lidam comigo, pessoal ou profissionalmente.

E já teria muitos maus exemplos que contar.

Nunca serão algumas derrotas que acumulei, a maior parte das quais, não cabe num conceito assumido de derrota, que me irão demover de atingir o que julgo ser bom para mim e para quem acredita na minha razão.