As Imperfeições da Perfeição

Estamos rodeados de coisas, pessoas e atitudes, que consideramos perfeitas ou não.

Na Natureza poderíamos considerar que tudo é perfeito, mas será?
Vejamos: antes de termos um conceito de perfeição, temos a considerar que não há um, mas um número infinito de conceitos, tantos quantas as pessoas que habitam e habitaram este nosso mundo, e respeitar todos esses conceitos, é de todo impossível.

As pessoas fazendo parte da Natureza no global, não são perfeitas de todo...e ponto final.

A sua suposta vontade de atingir a perfeição, trará uma série de acidentes de percurso que serão sempre os grãozinhos na engrenagem que impedirão a máquina de rolar.

Se der um passeio por essa cidade, vê-la-ei duma forma completamente diferente da que vi num momento anterior: os pormenores são a chave da mudança: uma folha que caíu , um pássaro que cantou, uma trovoada que surge, um acidente que aconteceu, e até o nosso caminhar de um ponto-referência a outro, será sempre diferente do realizado, antes ou mesmo depois..., com a preocupação acrescida de o fazer em tudo igual ao anterior, o que não é de todo, possível.

Mas a isto, nem chamo imperfeições, é mudança.

O ar que respiramos à mesma hora, no mesmo sítio, no mesmo local e com os objectos colocados, tanto quanto possível da mesma forma, em datas diferentes, nunca mas mesmo nunca, vão ser iguais.

A mudança é contínua, mas nunca para melhor. E o agente principal dessa mudança é o Homem; são os planos imobiliários, são as vias de transporte, são as barragens para regular o caudal dos rios.

Ao tocarmos em qualquer coisa, começamos um processo irreversível.

Transportando, esta minha forma de ver o que me rodeia, para conceitos mais subjectivos, verifica-se que a Inteligência, por exemplo, não é, nem pode ser um conceito rígido de bom desempenho de uma tarefa, eu posso resolver um problema difícil com a maior das facilidades, o meu colega de trabalho pode ter algumas dificuldades nessa tarefa, mas noutras, ultrapasssa-me em muito; é por isso que antes de implementar, uma forma de classificar o desempenho de cada um, temos, mesmo na mesma profissão, de ter em conta as características de cada um e mesmo as apetências para a realização dessas tarefas.

É para caracterizar os diversos trabalhadores, com vista à execução das mesmas, que existem os Técnicos de Recursos Humanos.

A formação escolar ou académica, ajudam a um bom desempenho, mas só a experiência de vida, pode em muitos casos ultrapassar, o que se aprende nas Universidades, as quais por si só não fazem de ninguém um bom profissional; e termino: tal como não acredito em verdades absolutas, também não existe perfeição total.

Comentários

Anónimo disse…
Amigo,
Um soberbo texto sobre o qual nada vou acrescentar, porque o desvirtuaria tal a sua beleza e veracidade!
Apenas direi que o amigo tem muito mais capacidades do que alguns Catedráticos que passeiam as suas vaidades por algumas das nossas Universidades, para dar umas boas lições a esses “senhores avaliadores” que apenas se limitam a ver nos outros as suas próprias imperfeições!
E mais não digo, porque eu nada valho.
Os meus respeitosos cumprimentos.
Ailime

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