Face Oculta

Face Oculta

Gostaria de saber o motivo porque em Portugal qualquer energúmeno pode divulgar, sem o perigo de vir a pagar em tribunal, por difamação, qualquer coisa que lhe venha ao bestunto, como por exemplo, suspeitas sem nexo, nem provas, sobre o Carácter de uma pessoa que detesta, e que por mero acaso, exerce um cargo que é só o terceiro, na hierarquia do Estado.

Fico aliás com a sensação de que quanto mais alto for o cargo, maiores são as probabilidades de, o acusador escapar sem qualquer penalização. 

Concordo absolutamente que os titulares dos ditos cargos sejam penalizados política e criminalmente, se se provar que prevaricaram.

Mas onde ficam os falsos acusadores, caso não consigam provar nada do que afirmam? 

Em Portugal, País de brandos costumes e que sempre classifiquei de triste, a excepção é para essa gente sem escrúpulos que consegue sempre ficar a rir-se. 

O processo Face Oculta, é um bom exemplo: lançam-se atoardas contra alguém, de preferência Ministro de qualquer coisa, ou mesmo o Ministro de Ministros, arrastam o seu nome na lama, e depois, como todo o alarve, que se preze, riem às gargalhadas. 

Não sei se é este o país que querem para si e para os seus rebentos, mas se assim for...só têm o que merecem, porque, e disso estou convencido, um dia vai virar-se-á o feitiço (a notícia) contra o feiticeiro(o Jornalista).

Não se trata aqui de regular a falta de Liberdade de Imprensa, porque se analisarmos mais  detalhadamente, a maior parte dos digníssimos acusadores, verificamos que enquanto outros se esforçavam para lutar contra a ditadura, eles se refastelavam nas suas belas panças, quais ditadores de meia tigela, alimentando as suas ricas vidas e fazendo de conta que nada se passava a seu lado; isto em 24 de Abril, mas em 26, virarem todos democratas e... até Socialistas. 

Os actuais políticos já nessa altura, não passavam de pequenos burgueses e é nessa faixa que se encontram as maiores frustrações, é natural que as queiram resolver antes de baterem a bota.  

Hoje clamam contra a falta de liberdade de Imprensa: nunca houve tanta liberdade de publicarem o que lhes dê na gana, no entanto coitaditos, são condicionados pelo poder Político e pelos recados de Sócrates; será ficção,ou vivemos num país de faz de conta? Acusam outros de fazerem aquilo que os próprios desejam fazer, mas não fazem, apenas porque nós Portugueses não os colocamos lá, por défice de CONFIANÇA.

Lembro com alguma saudade, os Jornais de referência, na minha adolescência, mesmo os jornais desportivos, como "a Bola" ou "O Mundo Desportivo" que lhe fazia concorrência; bi-semanários, às Segundas e às Quintas, e que lia com verdadeiro deleite, não só pela maneira como estavam escritos na forma, como também pelo conteúdo que nos prendia à sua leitura.

A propósito, dizia-me um Professor meu de Português, "que quem quisesse redigir bem, na nossa língua, bastava  dispensar todas as semanas duas vezes 1$50, para comprar "A Bola". Tínhamos nesse jornal, uma verdadeira Escola de como escrever bem Português, se bem que transmitindo as ideias que estavam na sua génese: O desporto.

Nesses tempos Jornalista era Jornalista, mesmo que fosse apenas para relatar os golos de Eusébio & C.ia, ou as proezas de Costa Pereira ou Carvalho, nas respectivas balizas.Os próprios relatos radiofónicos não tinham nada a ver com os de hoje. 

Hoje em dia, nada disso se passa: não há bom Jornalismo, mesmo no desporto; os valores foram-se, a ética esfumou-se, o carácter sempre exigido aos bons profissionais nos anos sessenta a oitenta, também desapareceu. 

A Sociedade enquanto tal, evaporou-se e temos um país ainda mais triste.

Não é por acaso que se fala cada vez mais em criar uma Sociedade Civil que, infelizmente não existe.

Agradecemos o actual estado de coisas a uma Sociedade egoísta implementada no nosso País, nos últimos 20 a 30 anos, que construímos sobre os escombros duma outra anterior, mais altruísta, apesar da ditadura, que sempre abominei. 

Os protagonistas/responsáveis esses... foram os fazedores de opinião, os políticos e Juízes ineficazes, o Laxismo e o défice valores, de Ética  e a falta de  Educação que tem de ser assumida em Casa pelos Pais, nunca na Escola, onde tem lugar o Conhecimento. 

Pergunto: quantas suspeitas lançadas a Sócrates, e já chegam quase à dezena, tiveram o seu fim na barra dos tribunais? 

Zero, meus amigos,  Z E R O ! ! !

Até que cheguemos a um destino, só temos que caminhar: só há dois caminhos: se caminharmos num sentido, poderemos chegar lá; se seguirmos o caminho alternativo, não há futuro que nos valha!   

Pensem nisso!!!

Agora vou-me deitar que são horas...