Inversão de valores

Temos, de há uns anos a esta parte, uma inversão de valores nesta sociedade globalizada, que me preocupa, mas mais que a mim, devia preocupar os legisladores, os líderes/ detentores do poder económico, político, os fazedores de opinião. Os valores morais, de ética e respeito pelos mais frágeis, e a responsabilização consequente dos seus actores, desceram a um nível pouco aceitável, por inação das autoridades políticas, judiciais e outras que agem com uma irracionalidade gritante. A nossa sociedade está doente e vai pagar caro. Não me refiro apenas a Portugal, até porque, o nosso poder de influência num contexto mundial, ainda que tivéssemos essa vontade, nem sequer existe e até poderíamos dar sinais contrários aos desejáveis. Esmiuçando todos os sectores onde essa ausência de valores se faz sentir, começaria pela Educação, onde tudo é permitido às crianças e jovens, na proporção do que não é permitido a pais e educadores, a violência física e verbal com os seus pais. Um tabefe para corrigir comportamentos inadequados não é permitido e até se corre o risco de ser condenado em sede de justiça.
O terrorismo do Daesh, a eleição de Trump, a crise das dívidas soberanas bem aproveitada em proveito próprio, por alguns imbecis no nosso país, a proliferação de governos de extrema direita e populistas, na Europa, a crise dos refugiados mal gerida por uma UE sem capacidade, e muitos outros acontecimentos mundiais, pela negativa, dão me razão para temer o pior.
No desporto em geral, mas mais no futebol, a inversão de valores é mais que evidente. Veja se também o sector dos media que com actos e juízos de valor sobre pessoas que por não serem do agrado dos donos daquilo tudo, são relegadas para um plano muito abaixo do razoável. O sector dos media de entretenimento, onde se valoriza quem tem pouco ou nenhum valor, com a proliferação dos chamados cantores pimba, sem conteúdo moral, profissional e ético; aqui o único valor que interessa, é o dinheiro. A inversão do que é aceitável ou não, manifesta-se também nos diversos concursos de cançonetas, onde o Eurovisão da Canção teve um papel inaceitável, quando há uns anos se classificou em primeiro lugar, uma canção e respectiva intérprete que nem eu aceitaria a concurso, por falta de qualidade musical e visualmente se apresentou sem um mínimo de decoro; aqui, o interesse foi chocar tudo e todos. Claro que não estão em causa, aquelas que considero as verdadeiras canções que marcaram este concurso no decorrer dos anos 60, 70, 80, 90, mas virou a página com a aberração das aberrações, a protagonista, suponho que austríaca, da pseudo música europeia, em 2014.
O nosso Salvador Sobral que protagonizou um orgulho nacional ferido, justificado pela qualidade da composição/letra e intérprete. Este concurso que terá batido no fundo em 2014, espero que renasça das cinzas.

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